“Se existe um sentido na vida, então deve haver um sentido no sofrimento. O sofrimento é parte irrevogável da vida, assim como o destino e a morte. Sem o sofrimento e a morte, a vida humana não pode ser completa.”
(Um Psicólogo no Campo de Concentração)
Confesso que na primeira vez que tentei ler o livro citado acima, há quase 5 anos, não consegui chegar até o final, mesmo ele tendo menos de 150 páginas. Frankl apresentava um nível de verdade que era demais para a minha mente imatura aceitar naquele momento.
Como assim deve haver um sentido no sofrimento? Ninguém sofre porque quer, com excessão dos masoquistas. Qualquer pessoa normal faria tudo que estivesse ao seu alcance para evitar o sofrimento, pensava eu à época.
A ironia é que eu não consegui compreender o que ele estava dizendo, em certo aspecto, porque ainda não havia sofrido o bastante. Minha jornada na vida real estava apenas começando.
Hoje, depois de muitos percalços, quedas e erros cometidos ao longo dessa meia-década, bem como muito dinheiro gasto em terapia para tentar não repeti-los, finalmente entendi o que Frankl quis dizer. E, se você me permitir, vou tentar te explicar com base na minha própria experiência, para que o seu sofrimento adquira também um novo sentido.
É verdade que ninguém gosta ou quer sofrer. O próprio Frankl diz isso no seu Um Psicólogo no Campo de Concentração. Somente alguém muito ingênuo, idealista ou masoquista buscaria propositalmente o sofrimento.
Apesar de termos uma alma e um espírito, também temos uma parte animal que quer nos proteger da dor e busca a felicidade e o prazer (e não há absolutamente nada de errado com isso, ao contrário do que dizem os moralistas).
Mas, infelizmente, o mal existe.
Estar no mundo é estar sujeito a ser afetado por esse mal. E não necessariamente ele nos escolhe por motivos pessoais. Ao contrário do que certas correntes religiosas pregam, o sofrimento não é necessariamente um castigo divino em punição por algum erro ou pecado. Ele é um componente básico da vida na Terra, que atinge a todos sem distinção – assim como o ar, a chuva e a gravidade. Podemos tropeçar, cair e torcer o tornozelo. Podemos sofrer.
O problema começa quando o sofrimento se torna tão grande que se sobrepõe aos momentos de felicidade. Aí as coisas complicam.
Via de regra, uma pessoa saudável tem uma tolerância razoável ao sofrimento, justamente por saber que ele é uma parte natural da vida e, assim como começou, uma hora vai passar. Mas e quando não passa?
Um sofrimento prolongado ou muito intenso, seja de ordem física, emocional ou existencial (de uma dor crônica intensa à um familiar amado com câncer, de uma depressão à perda de um filho) só pode ser suportado sem que a vida da pessoa seja completamente destruída, a ponto dela considerar ao suicídio, se esse sofrimento tiver sentido.
O problema é que esse sentido não pode ser definido externamente, por leis morais ou definições arbitrárias de quem quer que seja, e sim percebido, elaborado pela própria pessoa que sofre.
Calma. Vou explicar.
Vamos supor que você perca seu pai, tio ou alguma outra figura paterna querida por um infarto fulminante, sendo essa figura ainda relativamente jovem (casa dos 40/50) e aparentemente saudável.
Seu primeiro sentimento provavelmente será o choque, antes mesmo da tristeza. Choque, raiva, inconformidade… injustiça. Não é normal que pessoas boas, amorosas e saudáveis morram de repente, ainda mais tão jovens. Não é justo que uma pessoa que eu amo morra assim. Isso não faz sentido.
Foi exatamente essa a sensação que eu tive quando meu tio faleceu de infarto aos 56 anos. Eu tinha 12 e o amava como se fosse meu pai.
As consequências psicológicas dessa perda me afetaram até a idade adulta. Quando eu comecei a fazer terapia, com 21 anos, se meu psicólogo fosse Viktor Frankl, provavelmente ele guiaria meu olhar sobre esse fato para que eu pudesse, por conta própria, extrair dele um sentido – que fizesse sentido para mim.
Não as justificativas clichês que eu lembro até hoje de ter ouvido no velório: “pelo menos ele não sofreu”, ou “poderia ser pior, imagina se ele ficasse doente e não pudesse mais sair da cama" e afins. Um sentido que ressoasse com a minha percepção interna sobre o evento, que me ajudasse a elaborar a perda dele afetivamente e construir uma nova narrativa; uma na qual essa perda não me causasse apenas a revolta por um acontecimento percebido como injusto, mas a sensação de que ela "serviu” para me trazer algo além da dor.
Uma nova visão que me permita transmutar o sofrimento. Extrair dele algo benéfico.
No caso, essa nova elaboração fez eu perceber a importância de um bom homem na liderança de uma família. Fez eu ver a falta que faz um bom pai para a criação dos seus filhos e um bom marido para a felicidade de uma mulher. E, principalmente, o quão prejudicial é para esse bom homem trabalhar em excesso, estar sempre preocupado e estressado, pressionado para sustentar sua família sozinho – como meu tio fazia.
Portanto, quando eu me casar, vou fazer o possível para incentivar meu marido a não trocar sua saúde física e mental por dinheiro. Vou deixar claro que é mais importante que ele esteja presente nas festinhas das crianças do que nas reuniões do trabalho.
O sentido da perda do meu tio é fazer com que eu me esforce para que o meu futuro marido se sinta respeitado e admirado por mim ainda que a gente não enriqueça, porque a presença dele conosco pelo máximo de anos possíveis é mais importante do que o dinheiro acumulado no banco.
Esse sentido é completamente pessoal e subjetivo, percebe? Nenhuma outra pessoa poderia tê-lo “inventado” na própria cabeça e pedido para eu acreditar nele. Um bom psicoterapeuta, no entanto, teria me ajudado a enxergar além do vazio da perda para encontrar uma maneira de transformá-la em fruto. De dar o meu sentido pessoal ao sofrimento.
Agora, se você me permitir… eu quero te ajudar a realizar esse mesmo processo nas questões que causam dor na sua vida.
Estudo psicologia e temas relacionados há 10 anos. Comecei junto com a primeira sessão de terapia que fiz, para tentar compreender e solucionar minhas próprias questões. Devido à dificuldade de achar bons psicoterapeutas, decidi eu mesma me formar na área para compreender a fundo como a minha mente (e, portanto, a mente de todas as pessoas) funcionava.
Fiz cursos e mentorias em psicanálise, psicanalítica, nas abordagens comportamentais, na psicologia tomista e, claro, na logoterapia. No meio tempo, decidi estudar filosofia também, para descobrir qual era a verdadeira natureza do ser humano e encontrar um modelo antropológico correto que pudesse embasar o processo terapêutico – que levasse em conta as dimensões física, familiar, social, psiquica e espiritual.
No último ano, comecei a sentir que precisava usar esse conhecimento para servir a quem precisasse, não guardá-lo só para mim. Como Frankl dizia, a vida exigiu que eu desse um sentido para quase uma década de investigação profunda da natureza, da alma e do espírito humanos.
Esse é o sentido que encontrei.
Portanto, esse mês abri as primeira vagas para atendimento psicoterapêutico comigo. Se você está buscando ajuda para desemaranhar os nós da sua cabeça, acabar com a angústia e começar a construir uma vida com sentido verdadeiro… e, de alguma forma, sentiu esse texto ressoar aí dentro, clica nesse link, me mande uma mensagem no WhatsApp e vamos conversar :)
“Não há condicionamento nesse mundo capaz de nos roubar a liberdade."
(Viktor Frankl)
Uau, que texto incrível! Recentemente, terminei de ler Sobre o Sentido da Vida, de Viktor Frankl, e fiquei impressionado com a maneira otimista com que ele conseguiu encontrar sentido em sua própria história e em tudo o que vivenciou.
Achei especialmente emocionante a conclusão sobre a morte de seu tio. Às vezes, não precisamos explicar as situações da vida, pois muitas delas simplesmente não têm explicação. No entanto, podemos encontrar um sentido pessoal que nos permita transformar esses eventos em algo que nos motive a agir de maneira melhor e, até mesmo, a influenciar positivamente as pessoas ao nosso redor. A vida está repleta de paixão e significado.
“Fiz cursos e mentorias em psicanálise, psicanalítica, nas abordagens comportamentais, na psicologia tomista e, claro, na logoterapia”
Meu Deus kkkkkkkkkkkkkkkk